Reconhecer é Preciso!


Cris Moschos

Esses tempos li uma notícia sobre o falecimento de uma grande atriz brasileira. Em determinado ponto da notícia, que trazia um breve resumo da sua trajetória que começou bem cedo, o crítico da época escreveu sobre sua primeira aparição no teatro. Ele dizia que o nome dela precisava ser guardado, pois ela era muito boa e, se decidisse seguir carreira, seria sucesso na certa. Essa crítica, que reconhecia seu potencial como atriz, a fez ter coragem de seguir em frente na profissão e também, peitar a família em casa afinal, ser mulher e querer ser artista significava ter que carregar, em sua época, os sentidos mais pejorativos possíveis que podiam ser atribuídos a uma atriz.
Reconhecer.
Curioso como são as coisas.
Ser reconhecido pelo que faz, quando se faz bem, ou ainda, se faz muito bem, pode ser encarado como uma carência, como uma fraqueza ou necessidade de afirmação de terceiros para poder seguir fazendo ou agindo como tal. A questão é que não é por aí.
O reconhecimento pelo trabalho desempenhado em uma empresa, pela organização de um evento qualquer, pelo empenho desvelado pela família são exemplos de situações que merecem aplauso. Saber de outra pessoa que ela percebeu ou entendeu todo o esforço empregado em algo que foi feito, dá aquele “quentinho” no coração. Ser reconhecido é inato do ser humano. E poder receber esse reconhecimento (em vida, de preferência) faz toda a diferença.
Veja o que aconteceu com a atriz consagrada. Como poderia ter sido sua caminhada sem a crítica do jornalista? As poucas palavras para a novata foram um impulso importante para que ela soubesse que, mesmo indo contra o que muitos diziam, ela estava no caminho certo. E suas forças para alcançar o sucesso e claro, mais reconhecimentos, só aumentaram seja ele pela aclamação do público, da mídia ou pelos prêmios recebidos ao longo da carreira.
E para as pessoas comuns, heróis da vida diária? Será que o reconhecimento não cabe também? Quantos casos de burnout poderiam ser amenizados se houvesse, além da sensibilidade com o outro, o reconhecimento pelo trabalho desempenhado? Sobrecarregar quem trabalha bem não é reconhecer o seu valor, mas sim deixar a vida mais leve daquele que foi classificado como “não tão capaz” de desempenhar determinada tarefa.
A mãe que acumula inúmeras funções na “empresa” chamada casa não merece uma palavra de afeto pelo esforço em deixar tudo perfeito, diante das inúmeras imperfeições do mundo para os demais moradores dela? E aquele filho que nunca traz problemas para casa e um belo dia, timidamente, mostra sua nota maravilhosa que tirou em uma prova dificílima? Merece ouvir do pai “não fez mais que a tua obrigação”? Nem um parabéns seco ele leva pelo feito?
Reconhecer o esforço e o valor do outro não dói, não custa um centavo. Mas gera energia da melhor qualidade e é de um valor imensurável para quem o recebe. Por mais reconhecimentos espontâneos na vida. Assim como a atriz que deixará saudades pelas suas perfeitas atuações, muitos também deixarão pelos seus dons empregados nas mais diversas atividades existentes.
Reconhecer faz diferença.
Reconhecer é preciso!

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Cristina Moschos

Foto da autora: Sabrina Hartmann - @sa_hartmann

E-mail: cristinamoschos@gmail.com

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